quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Impermanentemente, de mim.

Numa prisão de liberdade, ela sempre sai.
É um sufoco. Na estada, a ficha cai.
Será mesmo que a tenho? 
Não. Talvez ela me tenha.

É como se fôssemos substâncias heterogêneas: 
Não viramos um. 
Mas uma não vive sem a outra. 
Nos completamos, sem mistura, sem costura, sem soma.

Ela sai e me leva junto. Eu saio, ela fica só.
Confinada num silêncio ensurdecedor, 
ela fica ali, inerte, invisível, mas sem inexistir.

Até que eu vá lá, pegue-a pela mão 
e começamos a dançar de novo.
É uma crueldade crua, nua, flagelada. 
Um abandono cheio de presença.
Nos amamos culpadamente. 

Até que a morte nos separe: 
Pois só assim para existirmos distantemente.

Por mais que doa, 
que destrinche as feridas em carne viva, 
nos precisamos, nos pertencemos.

No perdão, a esperança. 
Ainda que seja uma esperança desesperançosa, 
desesperada, desamparada,
há meios de sempre voltar pra casa.

E em meio às colinas invernais de incerteza, 
aos vinhedos com espinhos de aço,
um campo primaveril. Uma brisa, um frescor.

Nos encontramos uma vez mais 
e começamos a valsear.
Em tons de alivio e contentamento, 
conseguimos sorrir novamente.
Por mais efêmero, 
que seja lindo e verdadeiro, 
que seja leve e doce enquanto durar.

Mas acima de tudo, que sempre volte.

Reminiscência

Dê o play antes de começar a ler. Olhares de ternura, mãos de pluma.  Pureza de criança daquelas que a gente pensa que perde com ...