sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Memória Fotográfica.

      É tão legal quando palavras de força te inspiram... Eu costumava, e ainda costumo, na verdade, a achar certas coisas que me vêm, bobagem, e por isso vem o medo de expô-las. Acabou que nem é, sabe? Você as julga incômodas e aí elas passam dias, semanas e até meses mergulhadas dentro de você, nas suas emoções e até chegam a doer.
       O que eu ouvi hoje, é que se incomoda, se dói, é porque é importante. Ora, porque haveria de ser bobagem se é algo que queima dia após dia dentro de você? A gente tem mais é que acolher, foram essas as palavras que vi hoje, não exatamente escritas assim, claro. Depois eu fiquei pensando que acolher é um tanto diferente de remoer. Acolhendo, você sabe ou está procurando algum modo de aliviar a dor, ou mudar de vez a situação quando for possível (porque sempre é, pode não ser naquele momento presente,mas...). Remoendo, minha mãe costuma dizer que é gostar de sofrer, não faz nada com aquilo, mas reconhece o quanto aquilo dói naquele momento.
        Essa sou eu aprendendo a "fotografar" tudo aquilo que for importante para a minha evolução, que na maioria das vezes, acho até que não serve somente para mim. E ainda falta tanta coisa, tanto o que aprender, tantas virtudes a serem arquivadas na mente e no coração. Porque viver tem disso: querer gravar na mente apenas, é assumir o risco de perder a informação, e provavelmente perder de fato. Quando se faz as coisas com o coração tem-se a vantagem de tornar cada detalhe importante. Coração é o lugar onde não se perde nada, tudo torna-se eterno! Eu, que deixava tanta coisa fugir, estou nessa missão de apalpar cada detalhe, agarrar cada pedaço daquilo que tantas vezes me é importante mas falta minha percepção.
          Porque um dia, aquela coisa de "faça o que eu digo, não o que faço" vira papo-furado. Vira simplesmente algo a ser substituido por algo mais consistente e mais saudável. Porque tudo tem me provado que vale mesmo mais a pena passar por tais experiências e só depois dar o veredito.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Eita, esse Homo Sapiens Sapiens...



      Olhe atentamente a foto acima. Notou alguma coisa estranha? Não? Olhe bem, perceba cada detalhe das palavras. "Viver com Aids é possível", sim pois é, é totalmente possível. "Com o preconceito não", aí é que é possível mesmo! Só fica impossível se VOCÊ quiser! Ainda quero estar viva para ver a evolução da sociedade passando a acreditar nisso, sinceramente.
        Tudo o que nos acontece tem algo a nos dizer, um jeito único de nos abrir os olhos. Eu, Dhara, há 17 anos atrás (daqui a menos de uma semana 18, mas enfim), nasci com uma sequela, que acredito eu, que as pessoas vêem isso como um "problema" ou "limitação". Tem até gente que tem alguma dessas (d)eficiências, que adoram enfatizar que é cadeirante, tem alguma sequela, pelo simples fato de achar isso muito ruim e se achar menos do que os outros que nasceram inteiramente "normais". Para mim, isso é um erro um tanto grave. Porque essas pessoas acabam se fechando para um leque de possibilidades que só se abririam para elas, se essas olhassem o mundo por um outro ângulo.
         Se eu já fui assim? Claro que já! Mas, cá entre nós, eu prefiro hoje em dia, porque Deus sabe o que eu passei agindo daquela forma, tanta coisa que perdi... É muito ruim, porque você acaba tendo mais trabalho. É um processo muito grande e doloroso fazer com que esteja onde estou hoje, mas que é gratificante... ô! Na boa, dá uma preguiça danada sentir pena de si e TENTAR fazer com que os outros também o sintam. Poxa, para qual finalidade, me diz, para que diabos serveria pessoas ao seu redor com olhares penosos e comentários do tipo: "Tadinha, alguém assim deve sofrer tanto!"? E sofre, mas sofre mesmo é SE QUISER, eu não quero. Sei lá, tem tanta gente com uma ânsia que não acaba de querer que o preconceito acabe de vez e suma da face da Terra. Então tenho uma notícia para esses ansiosos: Sinto muito, sempre vai existir. Sempre vai existir algum olhar penoso, ou alguém com nojo (é, ainda existe esse tipo). Mas no caso da AIDS é a mesma coisa: As pessoas se deixam abater, porque o nome já diz: Elas SE deixam abater, mas isso pode muitíssimo bem mudar, se elas quiserem. A vida é feita  simplesmente de escolhas, cabe a cada um de nós fazê-las da melhor forma possível. Porque também virou meu lema: A gente nasceu para ser feliz ! E é tão bom, mas tããão bom ser feliz, viu? É uma delícia olhar para si mesma e dizer: Cara, EU ME AMO!
         Falando nisso, uma musiquinha divertida, com uma letrinha boa. Ela é mais direcionada a relacionamentos, mas dá para colocar nessa situação, acredito eu:
            Sendo figurinha repetida, só pode ser verdade. Aquela coisa de "se você não se amar, não será capaz de amar niguém", tantas e tantas vezes a gente vê essa frase, que só pode não ser mentira, né?

Faxina Interna.


       Ufa! Depois de tanta coisa, é muito bom estar de volta! Às pessoas para as quais eu compartilhava, e ainda compartilho experiências em relação a espinha bífida (cansa ler mielomeningocele, não?), fico feliz que estou imensamente bem depois de uma cirurgia que definiu para sempre (nada exagerada,né?) a minha vida daqui para frente! E tenho de dizer, nada de botom: Não é nada interessante ter algum material estranho em contato com seu organismo. Principalmente para  (im)pacientes como eu, que tem muita facilidade em formar cálculos na bexiga. Puxa vida! A pedreira que saiu de mim dessa vez até me assustou! Imagina 5 pedritas dentro de você, cada uma do tamanho de um caroço de pitomba... Então.
        É um alívio imenso! E aí, como eu aprendi a enxergar além do que meus olhos vêem, nesses dias em casa pude ver algo similar a vida (ou vida dentro da vida, como preferir). Quando a faxineira vem, ela faz uma senhora faxina! Sabe o tipo da pessoa que passa horas até a casa ficar um brinco? Ela é dessas. Só que ela tem uma mania que acaba sendo um pouquinho (bondade pode tornar-se defeito, cuidado!) incômoda: Ela muda absolutamente TUDO de lugar TODA VEZ que ela vem. Daí, ninguém fala nada, porque, pelo menos eu, fico com um pouco de medo, pois não quero ser grossa, indelicada. Aí, a idéia que me veio é a seguinte: Assim como na faxina da casa, na vida, a gente não precisa mudar absolutamente tudo de lugar. Mudar de lugar não significa organizar. Por que não apenas desentortar os quadros invés de mudá-los de parede? (não que ela faça exatamente isso).
       Mas aquela situação, quando o tempo aperta, vem a pressa e você fica procurando isso e aquilo que você jurava estar naquele lugar? Complicado,né? Quero dizer, na vida você também não precisa mudar sua personalidade ou o que quer que seja em algum momento da vida. Pode apenas mudar a forma de agir em determinada situação, já que na maioria das vezes não podemos mudar a situção.

Reminiscência

Dê o play antes de começar a ler. Olhares de ternura, mãos de pluma.  Pureza de criança daquelas que a gente pensa que perde com ...