quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Indefinível


"Nenhuma pessoa é uma ilha" já dizia sei lá quem. Somos seres sociais e ninguém vive sozinho, é comum ouvir. Com isso cria-se uma corrente que faz com que a interação com semelhantes seja uma necessidade. Uma necessidade de suprir necessidades que requer a presença de terceiros, goste você (eu), ou não.

É aí que tudo fica mais complicado quando lá no fundo algo diz: "Quem precisa dos outros quando se tem a si mesma?". E até se consegue viver assim por um certo espaço de tempo. E te tira da zona de conforto e incomoda e tira o ar. E muitas vezes até abala a autoconfiança, devo dizer. 

Repetimos para nós mesmos "os outros são os outros e acabou-se", mas sempre caímos na armadilha de nos importarmos com o que os outros veem e então, vem a ansiedade e a certeza de que nem sempre trata-se de uma escolha importar-se ou não com o que os outros pensam, é algo que toma conta, um panico e de repente não se sabe mais nadar. 

Mas sinceramente, quem dita as regras? Quem determinou como tenho de agir? 

Sim, sou tão adulta quanto quanto qualquer outra pessoa no mundo, e tenho meus medos e minhas vulnerabilidades que talvez até me façam a parecer uma criança com medo, e também sou bem brincalhona e gosto de estar na minha pele, gosto de ser exatamente assim, bobona. 

E desculpa se minha espontaneidade não foi arrancada de mim pela sociedade e pela suposta necessidade de ser séria na idade adulta. Responsabilidades certamente não me tiram o direito de me divertir no caminho, de rir alto, de fazer careta, de rir das minhas próprias piadas sem graça.

E pessoas não estão do dicionário com uma definição ao lado. Não é trabalho de ninguém tentar me definir, e talvez, nem mesmo o meu. Talvez eu seja assim, indefinível.

"Rótulos são para latas, não pessoas" Anthony Rapp.



quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Mergulhos

        É engraçado como nas horas mais inusitadas possíveis, eu tenho insights sobre a vida e o que me cerca. No Dia dos Pais saí com minha mãe para um show da banda local Top Gun - muito boa, aliás!- e uns trinta minutos antes do show, fiquei ali, ao lado dela olhando o movimento das pessoas.
       Todos aqueles rostos desconhecidos, com expressões em geral cansadas, desgastadas pelas pressões da vida moderna... Todos se contentam muito facilmente  com o que acontece com eles. Poucos questionam o fato da possibilidade de tomar as rédeas da própria vida.
       Mas não é sobre isso exatamente que vim falar. As pessoas, na verdade estão perdendo tudo aquilo que as fazem parte de uma comunidade e poucos ainda preservam o bom senso de se colocar no lugar do próximo. Todo mundo hoje em dia, principalmente nesses períodos em que as pessoas resolvem reivindicar seus direitos, tomados pela raiva, passam a usar da violência para alcançar tal objetivo.
       Não, ninguém está feliz com a situação na qual estamos vivendo agora. Mas nada disso justifica tamanha falta de vergonha - Sim, porque é isso o que é. - fazendo com que as pessoas firam a dignidade do próximo. A verdade é que todo mundo gosta de mostrar o que tem de errado no mundo por conta da carência de cuidado e atenção, assim como as coisas que acontecem na África, por exemplo. Todos são bons samaritanos nas redes sociais, em petições que visam os Direitos Humanos e/ou de animais, mas quando se trata dos próprios benefícios cidadãos, isso tudo deixa de existir.
       Fiquei extremamente assustada com a quantidade de pessoas pedindo a morte de outra nas manifestações, falando que sonegação é defesa, ou até mesmo praticamente desejando uma segunda ditadura militar.
      O fato é que as pessoas precisam mergulhar mais, olhar em volta, e se perguntar se é realmente correto agir contra a integridade e dignidade humana dessa forma. E que o sistema educacional deveria prezar muito mais, mas muito mesmo pela Filosofia nas escolas, porque o que tem de gente que  "tem pensamento político" sem um pingo de capacidade de reflexão não é brincadeira.

P.S: Só não coloquei imagens e vídeos dos piores momentos e cartazes da manifestação porque minha internet é sofrível. Mas provavelmente todos já viram o que tinha para ver.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Senhoras e Senhores, com vocês: O Ódio.


Aqui no Brasil, muitas pessoas dentre elas eu mesma, se sensibilizaram pelas causas LGBT e a Consciência Negra. Isso causou muita comoção nas redes sociais e em outros veículos de comunicação. O mundo inteiro é cheio desses males e outros mais que causam repulsas e indignação. Para outros, causam mais indignação ainda que uns voltem a atenção mais para uma coisa do que outras que eles acreditam ser maiores e mais importantes. A questão é que NENHUMA CAUSA É MENOS QUE OUTRA. A humanidade dá passinhos de neném quando se trata de se libertar de tantos maus, de ódio e outras atrocidades contra a vida.

No decorrer desse mês, vivenciamos um episódio (pelo menos mostrado, reportado, porque Deus sabe quantas pessoas morrem ou são verbalmente, moralmente atacadas todos os dias e a mídia não dá conta de mostrar tudo ou até mesmo ignora) de racismo, comentários odiosos direcionados à repórter, nova moça do tempo. Não precisa dizer que Maria Júlia Coutinho é lindíssima! E deu um show nos 70 segundos reservados a ela depois do ataque a sua imagem na página do Facebook do JN.
Um tempinho depois, lançaram a campanha "Facebookística" '#SomosTodosMaju' e daí, já deu abertura a mais outra polemica: Algumas pessoas que veem problemas em tudo a que vira os olhos disseram que tudo não passava de uma falta de discernimento, e que os que abraçaram as causas citadas têm de rever prioridades.

Para começo de conversa, são coisas totalmente diferentes. Uma remete à necessidade da humanidade de mudar sua mentalidade sobre as diferenças e a outra é um problema socioeconômico. Viu aí a diferença? Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa (rs).

E na boa, em pleno século XXI (vinte e um porque século 2015 non ecziste err) ainda ser racista é de lascar o cano, né moçada? Vamos mudar o repertório que esse disco já está furado há muito tempo, mas muito tempo MESMO!

E para finalizar, fiquei mega feliz com a notícia que corre agora mesmo pela web que fala da remoção da Bandeira Confederada dos Estados Unidos da América no estado da Carolina do Sul. Para quem não sabe, a bandeira representa a segregação de alguns estados do país por conta da eleição vencida pelo abolicionista Abraham Lincoln, ou seja, Muitos não aceitaram e ainda queriam continuar senhores de escravos. O pedido de retirada da bandeira se deu por conta de um tiroteio de autoria de um racista que usava a bandeira (muitos fazem isso, vemos isso em filmes, séries, notícias etc.) que resultou na morte de nove pessoas em uma igreja do mesmo.

Mentira, não terminei. Muitas vezes eu tenho de deixar claro que minha posição política em rodas de conversas é praticamente neutra por muitas razões. Enfim, tem muitas pessoas que não têm um pingo de compaixão pelas outras. Principalmente quando essa pessoa é a nossa atual Presidenta. Muitas pessoas a ameaçam, xingam, ridicularizam sua imagem como se ela fosse outra coisa e não um ser humano que merece o devido respeito. Devo confessar que eu achava a forma dela falar, dar discursos e debater bastante precária, desprovida de preparação. Sinto-me de certa forma envergonhada por não ter pensado antes na possibilidade de ela estar assim justamente por conta da pressão psicológica que ela recebe todos os dias pelos problemas, as ofensas, vaias, olhares de desaprovação e nojo... Respeito é bom e todo mundo gosta. Quer respeito? Dê respeito. Todo mundo merece. E esse tratamento que dão uns aos outros é tão desumano quanto a situação precária em que vive a África e todo mundo gosta de posar de bom samaritano postando no Facebook para depois desrespeitar quem acharem conveniente.

Agora sim, NÃO! Calma, alguém viu aquela carta pessoal que uma moça mandou para a Presidenta? É disso que falo. Me emocionei, me sensibilizei pelas palavras e espero que esta carta desperte tamanha empatia como fez comigo, aqui .

Agora sim, sério. Até mais.

Reminiscência

Dê o play antes de começar a ler. Olhares de ternura, mãos de pluma.  Pureza de criança daquelas que a gente pensa que perde com ...